Gaspar Silveira Martins
Advogado e político
iniciou sua vida pública como juiz municipal no Rio de Janeiro, de 1858 a 1859. Depois, foi
deputado (provincial e geral), senador, ministro da Fazenda, presidente da
Província do Rio Grande do Sul e também conselheiro de estado.
No início da carreira
era antimonarquista e liberal,
fazendo duras críticas aos governos conservadores da década
de 1870. No entanto, com o desenrolar político da época e a subsequente
divisão da política nacional em monarquistas e republicanos, alinha-se aos
monarquistas. Em 1862 foi eleito deputado provincial pelo Rio Grande do Sul e em 1865 fundou em Porto
Alegre o jornal A Reforma.
Este jornal, depois transferido para o Rio de Janeiro, foi o órgão oficial dos
federalistas gaúchos. Em 1872
era deputado-geral. Em 1873 demitiu-se, poucos meses após assumir o Ministério
da Fazenda, por não aceitar um projeto do governo de tornar inelegíveis os
cidadãos não católicos. Em 1880 elegeu-se senador e em sua terra natal
enfrentava a dura concorrência política com Júlio de Castilhos, seu histórico
adversário.
Na medida em que o
choque entre monarquistas e republicanos aguçava-se, optou pelo parlamentarismo,
transformando-se em um de seus maiores defensores. Pouco tempo antes da proclamação da república, foi
conselheiro de estado e logo depois presidente da província do Rio Grande do
Sul.
Em 1889 foi o pivô da
crise que culminou com a proclamação da república: o Marechal Deodoro, amigo do Imperador,
concorda em participar da quartelada apenas para depor o gabinete do Visconde de Ouro Preto e volta para casa; no entanto, Benjamin Constant informa como certo, o que não era
verdade, que Silveira Martins, desafeto de Deodoro, seria o escolhido para
suceder Ouro Preto. Tal fato desencadeou definitivamente a
Proclamação da República, pois Deodoro não
aceitava ver um inimigo, que o chamava pejorativamente de sargentão, como primeiro
ministro. Com isto, o marechal aquiesce em assinar o decreto que institui o
governo provisório republicano.
Com a deposição de D. Pedro II Silveira
Martins parte para um exílio na Europa. Em 1892,
com a anistia concedida por Deodoro, volta à sua terra natal, para logo se
indispor com a conduta dos governantes republicanos, por ele chamados de ditadores contista. Por ser
declaradamente monarquista, participou de reuniões com outros brasileiros que
tinham por objetivo restaurar a monarquia parlamentarista no Brasil. Numa
delas, insistiu em vão para que D. Pedro II retornasse ao país, após o marechal
Deodoro ter fechado o Congresso Nacional. Em seguida, propôs à princesa Isabel
que permitisse aos militares ligados à Revolta
da Armada levarem seu filho
mais velho, D. Pedro, príncipe do Grão-Pará, para ser aclamado D.
Pedro III. Ouviu da princesa que "antes de tudo era católica, e, como tal,
não poderia deixar aos brasileiros a educação do filho, cuja alma tinha de
salvar" (CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007. Pg. 236). Indignado, Silveira Martins respondeu: "então,
senhora, seu destino é o convento."
Num congresso em Bagé, propõe uma
reforma constitucional e a adoção do parlamentarismo. Não era sua intenção
pegar em armas e lutou para que não houvesse conflito. Foi, contudo, voto
vencido. Era o início da Revolução Federalista, que durou de 1893 até
1895.
Com a vitória de Júlio
de Castilhos e a consequente pacificação, organizou um novo congresso
federalista em Porto
Alegre. A partir de então passou a dar mais atenção para sua vida na
estância Rincón Pereyra,
que possuía no Uruguai, tendo
falecido repentinamente, num quarto de hotel em Montevidéu.
Paulo José Pires
Brandão, neto materno e afilhado do Conselheiro Antônio Ferreira Viana, conheceu Silveira
Martins em casa do avô. Em seu livro Vultos do Meu Caminho, assim o descreve:
"Alto, corpulento,
grandes óculos, barba toda aberta e branca, pele muito vermelha. Voz de trovão,
gesto largo, não sabia falar baixo, e mesmo quando palestrava era em tom de
discurso, e a sua voz clara, sonora e forte invadia a sala onde estava, os
corredores, o hall, a casa inteira, atravessando a rua. Não falava ao ouvido de
ninguém, não dizia segredos, nem os tinha, mesmo porque a sua voz não dava
diapasão para sussurros, não murmurava: tonitruava".
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