I SEMINÁRIO ACADÊMICO
FRONTEIRAS DO PENSAMENTO
MAÇÔNICO
JOÃO
DA SILVA TAVARES e BENTO GONÇALVES DA SILVA
Colegas
de armas - amigos, compadres e comandantes em campos opostos.
Getúlio
Dorneles Fernandes da Silva
Cadeira
nº 13
Outubro de 2016
JOÃO DA SILVA
TAVARES e BENTO GONÇALVES DA SILVA
Colegas
de armas - amigos, compadres e comandantes em campos opostos.
JOÃO
DA SILVA TAVARES
“Nasceu na Vila do Herval, RS, em 15 de março de 1790” e
faleceu em Bagé em 28 de março de 1872.
“Originário
de família conceituada, sempre mostrou inclinação pela militança”. Não passou
das primeiras letras.
Aos
14 anos, abdicou das regalias da família e sentou praça voluntariamente para
servir ao lado do Tte. Gen. Carlos Frederico Lecor – Visconde de Laguna.
“Foi
assíduo combatente nas campanhas do sul (1810 a 1825).
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BENTO
GONÇALVES DA SILVA
Nasceu em Bom Jesus do Triunfo, RS,
no dia 23 de setembro de 1788.
Era o décimo filho do português, criador de gado, Joaquim Gonçalves da Silva
e Perpétua Meireles. Passou sua infância na fazenda da avó materna. Aprendeu
a ler e escrever com facilidade. Montava com desenvoltura. Trabalhou durante
muito tempo na fazenda de seu irmão mais velho.
Em 1811,
alista-se na Companhia de Ordenação de D. Diogo de Sousa. Participa da
primeira invasão na Província Cisplatina. Mais tarde desligado do serviço,
passa a residir em Cerro Largo, no Uruguai, onde prospera com as atividades
pastoris e adquire sua fazenda. Em 1814, casa-se com a uruguaia Caetana
Garcia, com quem teve oito filhos.
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Participou da invasão da Banda Oriental em 1816 e do assalto e tomada de Montevidéu em 1817. Permaneceu na luta até o combate de Taquarembó (22-01-1820)
quando ocorreu a derrota total de Artigas.
“Engajado
em força de cavalaria, sob o comando de Lecôr, cooperou na vigilância e
guarda do território circunvizinho à barra geral do Guaíba”.
Cessada
a missão, “quando retornou ao lar,
teve a surpresa de constatar que de sua estância só restava a terra nua.
Haviam-lhe rebatado todos os animais, benfeitorias e até alguns escravos que
a povoavam.”
“Pela coragem e merecimento demonstrados na Campanha
Cisplatina subiu de simples praça de pret a capitão, passando pelos postos de
furriel, sargento, alferes e tenente... por ter servido sem manchas e com
louvor”.
“A
seguir, foi nomeado Comandante da Companhia e do
Distrito Militar do Herval... prestado relevantes serviços no
restabelecimento da ordem e da tranquilidade na raia extrema, expurgando-a de numerosos fascínoras estrangeiros, que
a infestavam e aí se dava toda a sorte de tropelia”.
“Na mesma época recebeu as promoções à major e a Tenente-Coronel da Guarda
Nacional.”
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Em 1816, participa da tropa
enviada para combater os homens de Artigas que violaram a fronteira do
Brasil. Bento é designado
capitão de guerrilha. Após três anos de lutas, a Província Cisplatina foi
anexada ao Brasil e Bento assume o governo da Vila de Melo.
Em fevereiro de 1817 destroçou
partida inimiga que saqueava Herval. Em
22 de abril de 1817, a partir de Encruzilhada do Sul, recrutou guerrilheiros de Encruzilhada, Canguçu,
Piratini, Pinheiro Machado, Herval e Jaguarão atuais para liderar a defesa
móvel da Fronteira, no rio Jaguarão,
depois de a medida ser aprovada pelo Marques de Souza (I), Comandante da
Fronteira, em Rio Grande.
Com esta tropa e o título de
Comandante da Partida Volante da Fronteira de Jaguarão ingressou, em 22 de
setembro de 1817, no serviço militar, em carácter oficial, através de ato do
Marquês de Alegrete Capitão General do Rio Grande (atual RGS) e que sintetizo:
Em 24 de maio de 1827, no Passo São
Diogo, bateu força argentina. Em 22 de junho seguinte, na Estância do Sego,
bateu destacamento do General La Valle.
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Nesses
períodos, algumas vezes lutaram lado a lado, tornando-se amigos e compadres.
Ambos
foram eleitos deputados provinciais em 1835.
REVOLUÇÃO
FARROUPILHA
Bento Gonçalves da Silva, pelos serviços
prestados nas guerrilhas, recebe de D.Pedro I o posto de coronel das milícias e
é nomeado comandante da fronteira sul do país. Sua destituição desse cargo,
durante a regência do Padre Diogo Feijó, foi o estopim da Revolução
Farroupilha, em 1835.
O cargo de Comandante da Fronteira de
Jaguarão, vago com a destituição de Bento Gonçalves, em virtude do acirramento
dos ânimos, deveria ser preenchido novamente. A função era de competência de
oficial superior e de confiança do governo central. Silva Tavares foi nomeado,
mesmo continuando a pertencer à Guarda Nacional, em abril de 1834. Novo decreto
imperial, de setembro de 1835, estendeu seu comando a Rio Grande, Rio Pardo e
Alegrete.
Silva
Tavares também era liberal. No início, aderira ao movimento liderado por Bento.
Porém,
em 4 de maio de 1928, Etcheverria enviou
correspondência à Rivera: “o estandarte da liberdade tremulará na capital de
Porto Alegre, vila do Rio Grande, Rio Pardo e
Cachoeira e a Província do Rio Grande que é a mais importante do Império
e a que mais se irmana com as da União, sacudirá, talvez para sempre, o jugo da
tirania que a sufoca”.
Essa
mensagem causara mal estar a Silva Tavares que viu, nela, o desejo de anexar o
Rio Grande a uma nação platina.
Em
junho de 1832, Juan Antonio Lavalleja, hospedou-se na casa de Silva Tavares, no
Herval, ficando clara a intenção de unir o Rio Grande ao Uruguai, cuja
independência se dera em 1928. Tavares alertou aos líderes liberais mais
exaltados. Declarou ser solidário com a mágoa dos seus conterrâneos, mas
negou-se peremptoriamente a qualquer conluio que pudesse ameaçar a unidade
pátria ou regime vigente.
“Silva Tavares “era um dos poucos
militares da Província que penetraram nos mistérios da conspiração travada
pelos revolucionários, por isso, restou-lhe o valioso apoio, mas afirmando em
documentos (Feitos e Serviços) que apesar das divergências (com Bento
Gonçalves) os dois rio-grandenses continuariam amigos como d’antes”.
Muitos
foram os encontros entre ambos, sempre no sentido de convencer o comandante
Imperial a aderir ao movimento revolucionário. Vencidos todos os argumentos,
Tavares dirigiu-se ao colega de lutas armadas e compadre, declarando: ”amigo
Bento: minha lealdade faz com que eu guarde segredo, porém, fique sabendo que,
declarada a revolução, serei dos primeiros a combatê-la; minha espada será
desembainhada em defesa e garantia das instituições que nos regem”.
Continuando filiado ao Partido Liberal,
Silva Tavares combatia o planejado movimento, suscitando rancor entre os mais
exaltados.
De certo, contra a ordem de Bento
Gonçalves, não faltaram ameaças e até emboscadas para darem fim ao líder
Imperial. “Um mestiço, de nome João Tomaz, emboscou-se entre as ramagens do
jardim onde Silva Tavares costumava repousar de tarde até o cair da noite”.
Nesse dia, Tavares não sesteou e o invasor foi surpreendido por um familiar,
fugindo entre as lavouras. Alguns dias depois, retornou sendo “baleado
mortalmente por um dos guardas da residência”.
“À 19 de setembro, o coronel oriental
Santanna apeou com alguns companheiros em um capão de mato, próximo a casa de
Silva Tavares, de onde mandou convidá-lo a conferenciarem. Esse, prevenido por
um correligionário, que se achegara à patrulha do visitante, de que o
estrangeiro trazia sob a manga da túnica um punhal para, ao abraçá-lo,
cravar-lhe nas costa, não se fez esperar. Seguido de dois acompanhantes,
dirigiu-se ao encontro e imediatamente
deu voz de prisão a Santana que reagiu, perecendo na violenta luta travada,
sendo efetivamente encontrado oculto em sua manga o punhal fatídico.”
Em 17 ou 18 de setembro, Silva Tavares
tivera aviso que a intentona rebentaria provavelmente a 20 e ficara decidido
aprisioná-lo. Reuniu cerca de 20 homens entre amigos e parentes com os quais
passou a pernoitar no mato, nas pontas do Arroio do Telho, à cerca de uma légua
da residência que deixou fortificada com sistema de seteiras, de onde poderiam
alvejar o adversário e guarnecida por 3 homens dispostos e armados”
“Choveu
torrencialmente toda a noite e ao amanhecer de 22 ouviram-se tiros que
presumivelmente partiam da sua casa, de fato sendo atacada por 36 homens”.
Galoparam para lá, mas os atacantes já haviam se retirado. Sabendo o rumo, partiu Silva Tavares e seus
companheiros em perseguição.
Avistando-os a curta distância, Joca Tavares, primogênito de Silva Tavares, com 17 anos, reconheceu o valente coronel oriental Rafael Verdum, o Cel. Francês
Echeveste, Major Rollim, Capitão Patrício e ‘Paja Larga’, com outros
castelhanos, gente de Lavalleja, vindo aguerridos e dispostos à luta em auxílio
dos seus amigos farroupilhas”.
“Inferiorizado
em armas, pretendeu o chefe legalista evitar o combate e enviou um emissário com
a proposta de retirarem-se sem atrito, ao que Verdum redarguiu: ‘pois visto
estarem tão perto, deveriam brigar’”. À irônica contestação do adversário,
Tavares bradou-lhe irado à pleno pulmão: ‘Prepara-te que te vou ensinar
castelhano de...”.
“Poucos
foram os tiros trocados. A espada, a lança e as ‘boleadeiras’ foram as armas do
‘entrevero’”.
“A
peleja durou longo tempo, mutilando corpos, ceifando vidas, interrompida apenas
quando cerca da metade dos revoltosos jazia fora de ação, entre eles o Major
Rollim, o afamado Echeveste de cuja lança de ferro inteiriço narravam-se
fantásticas proezas e o Cel. Verdum, este gravemente ferido por um lançaço” na
ilharga.
Ainda assim conseguiram os rebeldes
remanescentes efetuar retirada de mais de 2 léguas perseguidos sempre pelos
contrários que, por fim, os alcançaram, infringindo-lhes total derrota e
dizimação, ocorrendo aí a morte de Verdum, em virtude do ferimento recebido no
primeiro embate.
Alguns
autores citam esse episódio como o batismo de sangue da revolução.
Nesse
local, os grandes tradicionalistas Hervalenses, Wolney Maciel Ribeiro e Maria
Pereira Ribeiro, mandaram construir um túmulo para registrar o fato histórico
ali ocorrido. Sua fazenda, Alvorada, dizia ele, era da “Família Tradição”. É
toda ornada com peças, quadros e fotos antigos.
Wolney
faleceu aos quase noventa anos em acidente de trânsito, neste ano de 2016
Foto: Carlos Macedo - ZH
Foto:
Carlos Macedo - ZH
CASA
QUE FOI DE SILVA TAVARES
Foto: Laudemir Soares Novo, filho da proprietária. Local onde houve o ataque de
Gervásio Verdum e seus parceiros uruguaios ao Cel. João da Silva Tavares.
Segundo
Laudemir , ainda há resquício de que a
casa tinha sistema de proteção como se fosse um forte.
BIBLIOGRAFIA:
-
Medeiros, Manoel da Costa. História do Herval: descrição física e histórica.
Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do
Sul, Universidade de Caxias do Sul; Herval, Prefeitura Municipal, 1980. 402p.
-
Souza, Dr. Álvaro Tavares de. Coronel João da Silva Tavares, Barão e Visconde
de Serro Alegre, Duas Vezes Grande do Império, Feitos e Serviços. Rio de
Janeiro; S. Ge Ex Imprensa do Exército, 1970. 48p.
- Jornal Zero Hora, Porto Alegre. 18/09/2014.
-
https://www.google.com.br . Fotos de João da Silva Tavares e Bento Gonçalves da
Silva
-
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias
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