quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Patrono Cadeira nº 16

Glaucus Saraiva da Fonseca
(24/12/1921 – 17/07/1983)

Nasceu em São Jerônimo – RS, em 24 de dezembro de 1921.
Era filho de Álvaro Saraiva da Fonseca e Luiza Saraiva da Fonseca, o filho mais novo de uma família tradicional gaúcha. 
Teve 07 (sete) irmãos: Agamenon Saraiva da Fonseca, Demóstenes Saraiva da Fonseca, Marcos Vinicius Saraiva da Fonseca, Petronius Saraiva da Fonseca, Ligia Saraiva da Fonseca, Semíramis Saraiva da Fonseca, Iracema Saraiva da Fonseca. Deixou uma filha: Maria Luiza Saraiva Soares.
Era autodidata, com impressionante formação humanística apoiada em bela biblioteca, destacou-se principalmente como poeta erudito embasado em grande cultura geral.
Foi um pioneiro, folclorista, tradicionalista, historiador, professor, pesquisador, escritor, conferencista, jornalista, radialista e poeta, músico e compositor.
Foi também um atleta perfeito, campeão de luta-livre e de natação.
É personagem importante do tradicionalismo gaúcho, juntamente com Paixão Cortes e Barbosa Lessa, formaram os três reis magos da Santíssima Trindade do Gauchismo.
Foi vocalista dos conjuntos “Os Gaudérios” e “Quitandinha Serenaders” entre 1950 e 1955, além de atuar na Rádio Farroupilha e Rádio Nacional do Rio de Janeiro, de 1948 a 1955. Mas sua ligação com a música foi ainda mais profunda: Cigarro de Palha, Porongo Velho, Tropereada, O Rum é a Gente que Abre, Casa Grande de Estância (com Luiz Telles), entre outras.
Era maçom, o que fez com que fosse muito ligado aos rituais e à criação de símbolos que posteriormente vão fazer parte do Tradicionalismo.
Foi escoteiro e agauchou a Patrulha do Quero-quero, transformando-a em uma estância simbólica, experiência que serviu mais tarde quando organizou o 35 Centro de Tradição Gaúcha, dando-lhe igual estrutura.
Foi sócio fundador da Estância da Poesia Crioula e do 35 Centro de Tradição Gaúcha, do qual foi o primeiro presidente e Patrão).
Formulou a Carta de Princípios do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho, o mais importante documento para a fixação da ideologia e dos compromissos tradicionalistas, aprovada no 8º Congresso Tradicionalista, em julho de 1961 em Taquara – RS.
Idealizou e tornou realidade três importantes projetos:
O Parque Histórico Bento Gonçalves, em Camaquã;
O Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), do qual foi o primeiro Diretor Técnico;
E - o Galpão Crioulo do Palácio Piratini, que, pelo Decreto Estadual número31.204, de 01/08/83 passou a chamar-se Galpão Gaúcho Glaucus Saraiva.
Foi professor de folclore do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Música Palestrina, professor no Curso de Extensão Universitária da PUC (Folclore na Educação) e no SENAC (Culinária Gauchesca e Usos e Costumes do Sul); e conferencista internacional sobre folclore.
Presidiu três congressos tradicionalistas: em Santa Vitória do Palmar (1973), Pelotas (1975) e Passo Fundo (1977). Desenvolveu, também, profunda pesquisa sobre os brinquedos tradicionais das crianças gaúchas, promovendo exposições e publicações a este respeito.
Foi autor da nomenclatura simbólica do tradicionalismo.
Publicou ainda os ensaios “Manual do Tradicionalista” e “Catálogo da Mostra de Folclore Juvenil”.
Em Uruguaiana, criou o Museu do Piá junto ao CTG Sinuelo do Pago.
Faleceu em Porto Alegre em 17/07/1983.
Em sua homenagem como grande tradicionalista riograndense foi criado em 20 de outubro de 1983 o CTG Glaucus Saraiva da Fonseca, como parte integrante do Departamento de Tradição e Folclore do Grêmio Sargento Expedicionário Geraldo Santana.
Segundo José Hilário Retamozo, Diretor-Presidente do Instituto Estadual do Livro, Glaucus Saraiva da Fonseca nasceu igual a um pé de erva-mate, porém em forma de gente.
No mais em tudo foi igual, cresceu igual, viveu assim.
Permaneceu assim e continua assim além da vida.
Igual, tão igual que nem ele próprio não sabia.
Árvore altiva daquelas de quebrar a lua cheia em mil pedaços de cristais numa noite de inquietações e de angústias mal domadas.
Árvore-nobreza-pura que se doava inteira para os desgalhamentos da amizade.
Glauco Saraiva, lírico e sonhador, esbanjou-se em estrofes de amor que certamente haverão de andar guardadas pelo ciúme enternecido da saudade que deixou.
A vida inteira cortado a golpes de facões ervateiros, sempre refez a seiva interior de uma vontade forte. Renasceu nos ramos e refolhou-se de novos sonhos.
Sempre vertical e caprichoso, não se cansou de buscar a realização – a mais perfeita que lhe fosse possível .
Seus versos gauchescos – barrocos e rebuscados, de poeta que entendeu que a poesia gauchesca foi e será poesia do homem culto para os que vivem no campo.
A larga e generosamente, distribuiu seus versos entre os amigos, igual a erva-mate, que se perde do tronco de onde sai para andejar de mão em mão.
Seus versos continuam cevando emoções para os que se ligam pelos sentimentos à terra e têm amor pó sua gente.
Glaucus Saraiva da Fonseca nasceu erva-mate, viveu chimarrão e agora, mesmo desfeito em pó, continua circulando ao redor das chamas nas rodas galponeiras que animam de gauchismo a alma pampeana.
Antonio Augusto Fagundes, seu grande amigo diz: “ Glaucus Saraiva da Fonseca foi sempre e antes de mais nada, um grande poeta.
Sua poesia é uma cordilheira eriçada de píncaros sem vales e abismos e a sua vida – singular, sui generis , descontrolada – foi talvez o seu mais belo poema.
Glaucus não era apenas um homem, mas um furacão desatado no pampa”.

Trabalho de: Jorge Wolnei Gomes - Cad. 16

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