ANTÔNIO
ÁLVARES PEREIRA CORUJA
Filho de Pedro José Álvares Pereira e
Felícia Maria da Silva, nasceu em Porto Alegre (31 agosto de 1806) e faleceu no
Rio de Janeiro (4 de agosto de 1889).
Estudou as primeiras letras nas aulas primárias públicas de Maria
Josefa da Fontoura Pereira Pinto, nos anos 1811 e 1812, e de Antônio d’Ávila, o
Amansa-Burros e Padre João Santa Bárbara. Para ajudar à família, foi ser sacristão da Igreja Nossa Senhora
Madre de Deus, onde granjeou a estima do vigário geral, Padre Tomé Luís de
Souza, com quem aprendeu latim a partir de 1816, aos nove anos de idade.
Batizado Antônio Álvares Pereira,
acrescentou Coruja ao nome devido ao apelido que recebeu em seu primeiro dia de
aula com o padre Tomé Luís de Sousa.
Foi casado com D. Catarina Lopes Coruja
que, no Rio de Janeiro, fundou uma escola para meninas, em 1841, na Rua da
Assembleia nº 88, fechada em 1849. O casal não teve filhos biológicos, mas
adotou um, em 1834, que recebeu o nome de Antônio Álvares Pereira Coruja Júnior,
mais tardagraciado com o título de Comendador Coruja.
Foi habilitado sucessivamente para dar
aulas de primeiras letras, Gramática Latina e Filosofia Racional e Moral em
Porto Alegre. Primeiro lecionou em escola pública e, à noite, ministrava aulas
particulares.
Exerceu atividades como político,
educador, historiador e escritor. Foi o primeiro gramático do Brasil e um
grande batalhador em prol da infância e adolescência saudável e culta.
Por essa época, na Corte do
Rio de Janeiro, vinha sendo adotado, como novo sistema de ensino, um
revolucionário método de Lancaster – destinado a solucionar o problema da
escassez de professores. Pelo sistema tradicional, o mestre precisava dar
atenção individual a cada aluno – atendendo, vamos supor, a uns dez alunos –
pela nova fórmula ele se fazia assessorar por alguns de
seus
melhores alunos, então nomeados “decuriões”, e essa prática de ensino mútuo já
permitia que se atendessem, vamos supor, a uns quarenta alunos.
Para tirar a limpo se esse tal de
“ensino mútuo” realmente funcionava bem, transferiu-se para a Corte o jovem
Pereira Coruja. E voltou para Porto Alegre aos 21 anos de idade, em 1827, ostentando
o seu diploma de professor régio. Abriu sua escola, aqui pioneira no método
Lancaster, e foi em frente.
A par do magistério, Pereira Coruja
passou a desempenhar atividades complementares que logo o projetaram na
sociedade sul-rio-grandense. Em 1831, redator do jornal “Compilador de Porto
Alegre”. Pouco depois, lançava seu primeiro livro didático, de ampla
repercussão: “Compêndio de Gramática da Língua Nacional”. Em 1835, eleito
deputado à Primeira Assembleia Provincial, na condição de segundo suplente.
Assumindo a titularidade foi segundo e primeiro secretário da mesa.
Tendo aderido aos Farroupilhas, foi
preso. Libertado cinco meses depois, alegando perseguições, mudou-se para o Rio
de Janeiro com a família em 1837. Alguns biógrafos registram que teria sido
deportado para aquela cidade.
Privado de realizar seus sonhos no Rio
Grande do Sul realizou-os, porém, no Rio de Janeiro, com uma eficácia notável.
Começou por fundar e dirigir sua própria escola, o Liceu Minerva. Depois,
deixou marcos tais como a Sociedade Imperial Amante da Instrução, a Sociedade
Literária do Rio de Janeiro e – congregando a colônia gaúcha – a Sociedade
Sul-rio-grandense. Não tardou a obter o reconhecimento público.
Incansável autor de livros didáticos.
Além do já citado “Manual de Ortografia da Língua Nacional”, publicou “Aritmética
para Meninos”, “Lições de História do Brasil” e “Manual dos Estudantes de
Latim”. Mas suas obras de mais ampla adoção nacional foram o “Manuscripto”, as
“Taboadas” e o “Livro de Leitura”, podendo-se afirmar que, por mais de meio
século, as gerações de jovens brasileiros se ampararam, em boa parte, em tais
livros.
Embora vivendo afastado do Rio Grande
do Sul, jamais esqueceu sua terra natal e enriqueceu-se com notáveis obras de
pesquisa e divulgação. Pelas páginas do “Anuário da Província do Rio Grande do
Sul”, de Graciano Azambuja, publicou lindos ensaios tais como “Senadores e
Deputados da Província”, “As Ruas de Porto Alegre”,
“Alcunhas de Porto Alegre”, etc. E alcançou projeção com sua “Coleção de
Vocábulos e Frases Usados na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”, com
1ª edição em Londres (1856) e mais três no Brasil. Ali apareciam, por primeira
vez em letra de fôrma, verbos tais como “acolherar”, “amadrinhar”, “abombar”,
“apojar”, “bombear”, e por aí afora.
Também publicou Compêndio de Gramática
da Língua Nacional (dedicado à mocidade rio-grandense); Compêndio de Ortografia
da Língua Nacional (dedicado à S.M.I. o Sr. Dom Pedro II); Compêndio da
Gramática Latina; A vida de José Bernardino de Sá depois de sua morte;
Anotações às Memórias históricas de Monsenhor Pizarro; Notas à memória do
tenente-coronel José dos Santos Veiga; e Antigualhas, livro sobre vultos e
fatos do Rio Grande do Sul.
Em 1839, era secretário da Sociedade
Literária do Rio de Janeiro. Em 1840, fundou a sua primeira escola, o Liceu
Minerva. Foi professor particular de prestígio na Corte. Por quase vinte anos,
foi tesoureiro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil tendo iniciado as
atividades em 1842. Escreveu vários artigos sobre o rio Grande do Sul,
envolvido ainda no conflito farroupilha.
No Rio, presidiu a Sociedade Imperial
Amante da Instrução e a Sociedade Beneficente e Humanitária Rio-grandense.
No Rio Grande do Sul, foi jornalista no
Porto-alegrense (1847), no Argos (1840 a 1850) e no Mercantil (1850 a 1858).
Abandonou o magistério após amealhar uma
pequena fortuna. Fundou uma Caixa Bancária e, sendo enganado pelo sócio, no
final da década de 1870, arruinou-se e sentiu-se desonrado apesar de inocentado
pela justiça. Por esse motivo, não saia de casa durante o dia por vergonha.
Viúvo, em 1882, passou a viver recluso e
ser sustentado por seu filho, Antônio Álvares Pereira Coruja Júnior, o
Comendador Coruja.
Com a morte de seu único filho em 1888,
passou a levar uma vida de extrema miséria, vivendo em republicas de estudantes
gaúchos. Extremamente pobre, o Professor Coruja faleceu
no Rio de Janeiro em 4 de agosto de 1889 em um pequeno quarto emprestado por um
ex-aluno.
Trabalho de: Getúlio Dorneles Fernandes da Silva - Cad. 13
Trabalho de: Getúlio Dorneles Fernandes da Silva - Cad. 13
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Bibliografia:
- GOMES, Carla Renata Antunes de Souza.
Entre tinteiros e bagadus: memórias feitas de sangue e tinta. A escrita da
história em periódicos literários porto-alegrenses do século XIX (1856-1879).
UFRGS-IFCH. Programa de Pós-graduação em História. 2012.
-
Lessa, Barbosa. Professor Coruja. Equipe palavreiros da hora. 2009.
-
PT.Wikipedia.org.br
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