sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Patrono Cadeira n° 13

ANTÔNIO ÁLVARES PEREIRA CORUJA

Filho de Pedro José Álvares Pereira e Felícia Maria da Silva, nasceu em Porto Alegre (31 agosto de 1806) e faleceu no Rio de Janeiro (4 de agosto de 1889).
Estudou as primeiras letras nas aulas primárias públicas de Maria Josefa da Fontoura Pereira Pinto, nos anos 1811 e 1812, e de Antônio d’Ávila, o Amansa-Burros e Padre João Santa Bárbara. Para ajudar à família, foi ser sacristão da Igreja Nossa Senhora Madre de Deus, onde granjeou a estima do vigário geral, Padre Tomé Luís de Souza, com quem aprendeu latim a partir de 1816, aos nove anos de idade.
Batizado Antônio Álvares Pereira, acrescentou Coruja ao nome devido ao apelido que recebeu em seu primeiro dia de aula com o padre Tomé Luís de Sousa.
Foi casado com D. Catarina Lopes Coruja que, no Rio de Janeiro, fundou uma escola para meninas, em 1841, na Rua da Assembleia nº 88, fechada em 1849. O casal não teve filhos biológicos, mas adotou um, em 1834, que recebeu o nome de Antônio Álvares Pereira Coruja Júnior, mais tardagraciado com o título de Comendador Coruja.
Foi habilitado sucessivamente para dar aulas de primeiras letras, Gramática Latina e Filosofia Racional e Moral em Porto Alegre. Primeiro lecionou em escola pública e, à noite, ministrava aulas particulares.
Exerceu atividades como político, educador, historiador e escritor. Foi o primeiro gramático do Brasil e um grande batalhador em prol da infância e adolescência saudável e culta.
Por essa época, na Corte do Rio de Janeiro, vinha sendo adotado, como novo sistema de ensino, um revolucionário método de Lancaster – destinado a solucionar o problema da escassez de professores. Pelo sistema tradicional, o mestre precisava dar atenção individual a cada aluno – atendendo, vamos supor, a uns dez alunos – pela nova fórmula ele se fazia assessorar por alguns de
seus melhores alunos, então nomeados “decuriões”, e essa prática de ensino mútuo já permitia que se atendessem, vamos supor, a uns quarenta alunos.  
         Para tirar a limpo se esse tal de “ensino mútuo” realmente funcionava bem, transferiu-se para a Corte o jovem Pereira Coruja. E voltou para Porto Alegre aos 21 anos de idade, em 1827, ostentando o seu diploma de professor régio. Abriu sua escola, aqui pioneira no método Lancaster, e foi em frente.
A par do magistério, Pereira Coruja passou a desempenhar atividades complementares que logo o projetaram na sociedade sul-rio-grandense. Em 1831, redator do jornal “Compilador de Porto Alegre”. Pouco depois, lançava seu primeiro livro didático, de ampla repercussão: “Compêndio de Gramática da Língua Nacional”. Em 1835, eleito deputado à Primeira Assembleia Provincial, na condição de segundo suplente. Assumindo a titularidade foi segundo e primeiro secretário da mesa.
Tendo aderido aos Farroupilhas, foi preso. Libertado cinco meses depois, alegando perseguições, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família em 1837. Alguns biógrafos registram que teria sido deportado para aquela cidade.
Privado de realizar seus sonhos no Rio Grande do Sul realizou-os, porém, no Rio de Janeiro, com uma eficácia notável. Começou por fundar e dirigir sua própria escola, o Liceu Minerva. Depois, deixou marcos tais como a Sociedade Imperial Amante da Instrução, a Sociedade Literária do Rio de Janeiro e – congregando a colônia gaúcha – a Sociedade Sul-rio-grandense. Não tardou a obter o reconhecimento público.
Incansável autor de livros didáticos. Além do já citado “Manual de Ortografia da Língua Nacional”, publicou “Aritmética para Meninos”, “Lições de História do Brasil” e “Manual dos Estudantes de Latim”. Mas suas obras de mais ampla adoção nacional foram o “Manuscripto”, as “Taboadas” e o “Livro de Leitura”, podendo-se afirmar que, por mais de meio século, as gerações de jovens brasileiros se ampararam, em boa parte, em tais livros.
Embora vivendo afastado do Rio Grande do Sul, jamais esqueceu sua terra natal e enriqueceu-se com notáveis obras de pesquisa e divulgação. Pelas páginas do “Anuário da Província do Rio Grande do Sul”, de Graciano Azambuja, publicou lindos ensaios tais como “Senadores e
Deputados da Província”, “As Ruas de Porto Alegre”, “Alcunhas de Porto Alegre”, etc. E alcançou projeção com sua “Coleção de Vocábulos e Frases Usados na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”, com 1ª edição em Londres (1856) e mais três no Brasil. Ali apareciam, por primeira vez em letra de fôrma, verbos tais como “acolherar”, “amadrinhar”, “abombar”, “apojar”, “bombear”, e por aí afora.
Também publicou Compêndio de Gramática da Língua Nacional (dedicado à mocidade rio-grandense); Compêndio de Ortografia da Língua Nacional (dedicado à S.M.I. o Sr. Dom Pedro II); Compêndio da Gramática Latina; A vida de José Bernardino de Sá depois de sua morte; Anotações às Memórias históricas de Monsenhor Pizarro; Notas à memória do tenente-coronel José dos Santos Veiga; e Antigualhas, livro sobre vultos e fatos do Rio Grande do Sul.
Em 1839, era secretário da Sociedade Literária do Rio de Janeiro. Em 1840, fundou a sua primeira escola, o Liceu Minerva. Foi professor particular de prestígio na Corte. Por quase vinte anos, foi tesoureiro do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil tendo iniciado as atividades em 1842. Escreveu vários artigos sobre o rio Grande do Sul, envolvido ainda no conflito farroupilha.
No Rio, presidiu a Sociedade Imperial Amante da Instrução e a Sociedade Beneficente e Humanitária Rio-grandense.
No Rio Grande do Sul, foi jornalista no Porto-alegrense (1847), no Argos (1840 a 1850) e no Mercantil (1850 a 1858).
Abandonou o magistério após amealhar uma pequena fortuna. Fundou uma Caixa Bancária e, sendo enganado pelo sócio, no final da década de 1870, arruinou-se e sentiu-se desonrado apesar de inocentado pela justiça. Por esse motivo, não saia de casa durante o dia por vergonha.
Viúvo, em 1882, passou a viver recluso e ser sustentado por seu filho, Antônio Álvares Pereira Coruja Júnior, o Comendador Coruja.
Com a morte de seu único filho em 1888, passou a levar uma vida de extrema miséria, vivendo em republicas de estudantes gaúchos. Extremamente pobre, o Professor Coruja faleceu no Rio de Janeiro em 4 de agosto de 1889 em um pequeno quarto emprestado por um ex-aluno.

Trabalho de: Getúlio Dorneles Fernandes da Silva - Cad. 13


 

Bibliografia:
- GOMES, Carla Renata Antunes de Souza. Entre tinteiros e bagadus: memórias feitas de sangue e tinta. A escrita da história em periódicos literários porto-alegrenses do século XIX (1856-1879). UFRGS-IFCH. Programa de Pós-graduação em História. 2012.
- Lessa, Barbosa. Professor Coruja. Equipe palavreiros da hora. 2009.
- PT.Wikipedia.org.br

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